terça-feira, 25 de novembro de 2025

À frente do governo, Bolsonaro foi encurralado por outros poderes, fustigado diariamente por uma imprensa hostil e rejeitado por uma elite que jamais o aceitou. Mesmo assim, os índices de criminalidade violenta, especialmente homicídios, tiveram a primeira queda consistente em décadas. Pela primeira vez, muita gente sentiu que havia autoridade legítima e capacidade real do Estado de conter o crime. No meio da pandemia, a economia resistiu melhor do que a de muitos países: o PIB caiu menos do que a média da América Latina* e, no ano seguinte, recuperou quase tudo. O auxílio emergencial segurou consumo, trabalho e renda, evitando um colapso social. Em plena turbulência mundial, o Brasil manteve uma estabilidade que ninguém esperava. Então veio a eleição, uma disputa desigual, marcada por censura, desmonetizações, perfis apagados e temas proibidos. Some-se a isso a reação do crime organizado, que controla áreas inteiras do país e viu no governo Bolsonaro um inimigo direto. Se quase 29 milhões vivem em área de voto de cabresto, você já sabe no que isso dá. Mesmo assim, com tudo isso, ele recebeu mais votos do que em 2018. Derrotado e abalado pela forma como tudo ocorreu, viu parte do povo indignado e sem direção, tornando-se presa fácil para adversários muito mais poderosos. Os atos que aconteceram, que, na pior leitura, chegam a vandalismo, foram tratados como crimes hediondos, dentro de um esquema que criou um regime de exceção para investigar e julgar. Hoje, doente e fragilizado, Bolsonaro é exposto a um ritual de humilhação, espécia de asfixia psíquica, não por justiça, mas para servir de exemplo. E a mensagem é evidente (já disse e repito): que ninguém mais ouse enfrentar aqueles que se consideram donos do país, intérpretes exclusivos da Constituição e porta-vozes únicos da democracia.
— Rafael Nogueira 🔰
* em 2020 o PIB caiu cerca de 3,3%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto muitos países da América Latina afundaram em quedas próximas ou superiores a 8 %


 

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