sábado, 13 de setembro de 2025

Como seria bom se a vida fosse um abraço prolongado, desses que não contam o tempo mas o aquecem. Se cada manhã trouxesse não apenas o sol a iluminar as janelas, mas também a certeza de que o dia é um recomeço possível. Como seria bom se as palavras não ferissem, mas fossem pontes. Palavras que se estendem entre corações, firmes e leves, capazes de aproximar mundos diferentes. Se o silêncio não fosse ausência, mas música secreta, onde se aprende a escutar a respiração da alma e o murmúrio discreto do mundo. Como seria bom se os olhos se demorassem mais nas pequenas belezas: no voo imperfeito de um pardal, no riso espontâneo de uma criança, no cheiro da terra depois da chuva. Se o tempo deixasse de ser corrida e se tornasse estrada calma, onde cada passo encontra sentido.
Como seria bom se o amor fosse regra e não exceção. Se houvesse mais mãos estendidas do que dedos acusadores. Mais esperanças partilhadas do que medos escondidos.
E como seria bom se cada um de nós fosse, em cada gesto, a mudança que deseja ver. Talvez então descobriríamos que esse “como seria bom” não é um lugar distante, mas um espaço secreto que já começa dentro de nós.
- Carlos Cabrita ✔


 

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