"Sentir é criar. Sentir é pensar sem ideias, e por isso sentir é compreender." - Fernando Pessoa ✔
Ele disse, mas ninguém ouviu. Hoje, sentir é inconveniente. Parece coisa de gente velha. Dói pensar e sentir a dor. E tudo que dói precisa ser anestesiado. O sentir, esse velho sentimento rebelde, foi domesticado. Agora precisa de legenda.
Quando alguém sente demais, logo aparece um diagnóstico: Ansioso ou Depressivo ou Bipolar ou Facista ou só Chato mesmo.
Nunca só um humano. O mundo não gosta de gente que sente.
E muito menos de gente que pensa. Mas há ainda os que sentem e não sabem explicar. São os que choram nos sofás olhando um filme antigo passar. Os que param e dão atenção para ouvir o que o outro não disse. Os que amam com excesso, erram com ternura, falam com verdade e falham com poesia. "São perigosos, esses." Ouvi isso certo dia. Porque eles compreendem o mundo antes que o mundo diga o que é errado ou certo. "Eles não se deixaram manipular." Emendou na mesma frase. Sabe porque? Porquê eles sentem, criam, escrevem e expõem. Não para vender ou ser visto. Mas, para viver e servir. Fernado Pessoa sabia que sentir é a única forma de compreender o que o pensamento alcança e a alma não consegue por pra fora e que a expressão raiz do sentir é a autêntica revolução interna e silenciosa. Por que, hoje em dia, dizer o que sente, simplesmente, pra muita gente, parece que incomoda.

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